sábado, 15 de julho de 2017

O dízimo é devido ou não?



No Novo Testamento não temos menções tratando de forma direta sobre o dízimo. Temos uma fala de Cristo em Mateus 23:23: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”.

Temos a repetição dessa fala de Jesus também em Lucas 11:42. Além dessas passagens temos em Lucas 18:11-12 um fariseu que se orgulha de dar o dízimo. Em Hebreus 7:4-6 temos a menção do dízimo dado por Abraão a Melquisedeque. Além dessas passagens não temos outras falando sobre esse tema.

Mas isso seria um indicativo de que não temos mais obrigação de contribuir na obra do Senhor?

A contribuição no Novo Testamento Apesar de não falar diretamente sobre dízimo, o Novo Testamento fala muito a respeito de contribuição para a obra de Deus. E o mais interessante é que existem diversas menções de servos de Deus ultrapassando essa barreira dos dez por cento de contribuição que era comum no Antigo Testamento: “Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade” (Atos 4:34-35).

Esse é um dos fortes exemplos de que no Novo Testamento se fazia bem mais do que o dízimo. Os exemplos desse tipo de postura existem aos montes no Novo Testamento. Paulo fala, por exemplo, da generosidade das igrejas da Macedônia: “Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos” (2 Coríntios 8:3-4).

Isso nos mostra que existia no coração desses servos de Deus das primeiras igrejas um desejo de usar de generosidade para a obra do Senhor. Quem ousaria limitar a generosidade dessas pessoas usando o padrão do dízimo, os dez por cento? É evidente que o padrão do dízimo escolhido por Deus no Antigo Testamento é justo, pois permitia que todos, ricos ou pobres participassem de forma proporcional. No entanto, os primeiros cristãos iam além desse princípio. Essa generosidade deles teria sido registrada como exemplo para os que se limitam a porcentagens?

Temos também outros relatos demonstrando claramente como a igreja se movia em conjunto na área financeira para realizar a obra do Senhor em sua totalidade. Vejamos alguns exemplos: a)

Uma igreja envolvida com a obra de Deus mesmo em regiões longínquas, que cuidava das questões financeiras dos irmãos que mais necessitavam: ”Os discípulos, cada um conforme as suas posses, resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judeia” (Atos 11:29).

 Mesmo os gentios (não judeus) também estavam dentro desse mesmo propósito de servir a quem quer que seja também por meio de seus bens: “Porque aprouve à Macedônia e à Acaia levantar uma coleta em benefício dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, e mesmo lhes são devedores; porque, se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais dos judeus, devem também servi-los com bens materiais” (Romanos 15:26-27).

Existia a orientação dos líderes para que houvesse contribuição para a obra do Senhor de forma regular para atender aos propósitos do trabalho: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for” (1 Coríntios 16:2)

A generosidade da contribuição é estimulada e apontada até como exemplo e estímulo a outros: “Ora, quanto à assistência a favor dos santos, é desnecessário escrever-vos, porque bem reconheço a vossa presteza, da qual me glorio junto aos macedônios, dizendo que a Acaia está preparada desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado a muitíssimos” (2 Coríntios 9:1-2)

Existia um sistema claro de contribuição nas igrejas do Novo Testamento, ao ponto delas poderem ofertar e até mesmo bancar o salário de servos de Deus como o próprio Paulo, que foi abençoado com um salário pode determinado tempo para poder servir como missionário: “Despojei outras igrejas, recebendo salário, para vos poder servir” (2 Coríntios 11:8).

Algumas considerações finais sobre o dizimo no Novo Testamento Feitas essas considerações, a pergunta que fica é: qual a necessidade que essas pessoas tinham de ficar ouvindo sermões sobre dízimo se elas iam além dele, em uma generosidade que ia muito além de qualquer padrão que já possa ter sido descrito nas Escrituras? Esses exemplos de generosidade descritos no Novo Testamento nos mostram um padrão ainda maior, um padrão de participação na obra de Deus que sobrepuja o dízimo!

Infelizmente temos muitas pessoas hoje em dia procurando algo na Bíblia que as permita não fazer nada, não participar, não se doar, ou mesmo fazer menos do que podem. Finalizo essa reflexão dizendo que o Novo Testamento não nos exime de sermos contribuintes na obra do Senhor por não falar especificamente e diretamente sobre dízimos.

Pelo contrário, fica claro diante das menções expostas que o dever de cada crente verdadeiro é bancar a obra do Senhor com sua vida e com suas posses de forma generosa. Isso é muito maior do que o dízimo!

O fato é que muitos falam da não existência de menções do dízimo no Novo Testamento para poderem fazer menos! Sim, para poderem, com a consciência tranquila, fazer muito menos do que outros servos de Deus já fizeram no passado e no Novo Testamento! Mas o Novo Testamento, na realidade, nos mostra exatamente o contrário, eles fazendo mais, muito mais pela obra do Senhor!

Vale muito à pena refletirmos sobre essa realidade.


Texto do site: Esboçando Idéias

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